Resumo: Na linha da Linguística Aplicada (doravante LA), temos avistado diferentes abordagens de ensino, teóricas e metodológicas em interface com as práticas situadas que implicam a linguagem em uso, sejam estes usos em contextos culturais, políticos, globais, locais e periféricos de sociabilidades permeadas pelas múltiplas esferas da vida humana (Bakhtin, 2011), sejam estes usos nos novos contextos digitais (Muniz-Lima, 2024; Silva, 2022) que vêm se desenhando a cada instante na nossa contemporaneidade.
Grosso modo, o ensino e aprendizagem de língua materna e línguas adicionais têm passado por diferentes mudanças epistêmicas e desdobramentos políticos e educacionais no que diz respeito às novas demandas que estão circulando e sendo propostas através de documentos oficiais e orientações curriculares para a agenda escolar nessa segunda metade do século XXI. Com isso, faz-se necessário repensar ações propositivas, projetos de ensino, de pesquisa e de extensão, numa perspectiva de ensino crítica (Ferreira, 2006), que fortaleça a formação e qualificação de professores/as, da escola, enquanto agência de letramento (Kleiman, 1995), e da dos/as estudantes, em diálogo com a comunidade externa às instituições educacionais. Essas ações precisam, sobretudo, serem responsivas à vida, às suas vivências e às realidades diversas da vida narrada (Moita Lopes, 2006), assim como da vida vivida e implicada com o outro (Souto Maior, 2023; 2024). Logo, é preciso construir pontes de diálogos na escola e nas demais esferas sociais que venham a promover cada vez mais políticas de ações afirmativas, educacionais e linguísticas (Rajagopalan, 2003; Roque-Faria; Nunes; Silva, 2024) comprometidas e engajadas, de maneira ético-discursiva (Souto Maior, 2023), com os direitos humanos, com as diversidades, com a inclusão e com as pluralidades existentes e resistentes no chão da escola. Atualmente, estamos vivenciando em nosso cenário político e social várias práticas de discriminação e preconceito (machismo, misoginia, racismo, LGBTfobia, capacitismo, gordofobia, bullying) dos mais diversos possíveis, envoltos de discursos de ódio (Burtler, 2021) contra grupos minorizados, historicamente, oprimidos e marginalizados. Parte desses discursos e das ideologias que os permeiam, na maioria das vezes, vêm refletidos e são refratados (Bakhtin, 2011) em conteúdos e em imagens (textos semióticos) nos materiais escolares e nos livros didáticos, muitas vezes sem uma leitura crítica e decolonial (Silva et al, 2023) sobre as suas construções de sentidos e sobre o impacto que essas mesmas construções podem causar na vida de crianças, de jovens e de adolescentes em processo de escolarização.
Estudos de Liberali (2022; 2022) têm chamado a atenção para a relevância da perspectiva dos multiletramentos engajados, que considera as múltiplas linguagens, mídias, culturas e identidades em práticas escolares no vislumbre da transformação social e para o agenciamento do bem viver e do bem esperançar (Liberali, 2022), promovendo, assim, a superação de opressões e de desigualdades sociais. Nesse aspecto, neste GT, esperamos propostas de trabalhos que tragam discussões sobre ensino, de materiais escolares e livros didáticos, além de outras que focalize a linguagem em uso para o fortalecimento da diversidade e de novas práticas de inclusão.